matadouro

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Sugestões

In travessão on Lúnasa 27, 2008 at 12:50 in

Que recebi no meu correio eletrônico por quem, por falta de proximidade, sequer sabe o quão cachorro louco ficou esse tempo de malditos trinta e um dias, mas me enviou e “foi o afago que eu precisava”, além da lembrança no gosto do sorvete mais pedido da sorveteria. Agradeço, sempre.

Se é pura superstição, que se dane.

Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro- e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso, quem sabe, ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente. Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros angúrios , premonições. (…)
É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos.
Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.”

Não lembro o título que havíamos dado

In bestiário on Lúnasa 8, 2008 at 12:00 in

la carretera es chica
pero el camino es largo
sin embargo
mantenemos el encargo
con Dios en el cielo
y el Diablo en el prado.

ni la aduana de Uruguaiana
ni el omnibus lento
nos impediran
de alcanzar nuestro intento
la danza y la cerveza nos embriagaran
y nos quedaremos a contento.

Mais um do livro Antologia Poética, capítulo Poema Viagem, #76
Da autoria de Clarice Barbosa Dantas e Aline Rhod Pellegrini

Te encontro no Kremlin da Praça Vermelha

In episódios, travessia on Lúnasa 6, 2008 at 12:52 in

Quando parti, não deixei para depois com intenção de enigma. Gosto de deixar coisas na portaria daquele prédio, mantenho um certo tom de mistério. E é assim mesmo que acabo, inevitavelmente, com qualquer tom de mistério.

Quando vi a mensagem segunda-feira, a indicação do site, foi com preguiça que me precipitei a vizualizar o endereço eletrônico. Não que possua desafeto por blogs, evidentemente não. Mas minha frequência em páginas pessoais é relapsa, como é a de qualquer pessoa por aqui.

Era pra mim e vazei. Em plena segunda-feira, em pleno trabalho, na frente de uma máquina.

O blusão vermelho a combinar com os sapatos, as meias brancas e quentes. Ficarão com a parte materna. Mas o que fisicamente não posso devolver e que deixou por aqui, fica.

Levantou vôo e nem vi. Mas foi alto. Há tempos que.

In episódios on Lúnasa 5, 2008 at 1:16 in

Dos Perdidos.

Começamos pelas quatro inexplicáveis horas. Consequentemente partimos para as reservas. Quatro mudanças em sete dias. Chuveiro em cima da patente, buraco no teto, canadenses com mais experiência sulamericana que nosotros. Sol internacional preguiçoso. Veias rompidas pelo motociclista sacana. Ingenuidade. Tempo. Matrícula pensada. Vida noturna palerma. Câmbio precipitado. Visto e multa. Cobos? Vontade de ficar.

Dos Achados.

Xingamentos mais reclamações. Sujeira, manifestações, paralização dos motoristas, mães, economia no lixo – minha e deles. El hipopotamo, bairro chinês, baiana, supermercado sem tradutor, menu ejecutivo, comida armena, tábua mexicana, boteco holandês, passos: mantenha peito a peito. Olhos claros, pele morena. Soda. Quatro filmes, quatro bandas, interatividade total. Medo nO Massacre da Serra Elétrica, sono no Fausto. Pipoca com cerveja. Isenbeck, Stela Artois em garrafa de água de um litro e meio. Carreteiro no final do domingo. O silêncio escrito. Sol na grama do valley. Não querer quedarme, não lá. Seria como cair.