matadouro

Archive for Bealtaine, 2008|Monthly archive page

Today’s fortune: The heart is wiser than the intellect

In a senhora é leiga? on Bealtaine 30, 2008 at 2:58 in

mentira.

Permanece a mi lado ou De Como Esse Filme Vai Ecoar Na Minha Cabeça

In travessia on Bealtaine 21, 2008 at 2:50 in


…”¿Qué es un fantasma?
Un evento terrible condenado a repetirse
una y otra vez.
Un instante de dolor quizás.
Algo muerto que parece por momentos vivo aún.
Un sentimiento suspendido en el tiempo,
como una fotografía borrosa,
como un insecto atrapado en ámbar.
Un fantasma, eso soy yo…”

Povo do Abismo

In a senhora é leiga? on Bealtaine 21, 2008 at 12:38 in

‘-Jack London, quando era pequeno, tinha 13 anos e tinha problemas de saúde porque quebrava o pé.’

Angústia é fala entupida

In travessão on Bealtaine 13, 2008 at 2:49 in

Tenho ciúmes desse cigarro que você fuma tão distraidamente.

Com aspas

In bestiário on Bealtaine 13, 2008 at 2:22 in

Haikus are easy
But sometimes they don’t make sense
Refrigerator

Do Capeta

In bestiário on Bealtaine 13, 2008 at 2:16 in

27 anos e 8 meses de prisão
13 agressões (Código Penal art. 129)
4 resistências a prisão (art. 329)
2 recepções de furtos (art. 180)
2 furtos (art. 155)
1 ultraje público ao pudor (art. 233)
1 porte de arma (art. 19)

Millôr – De onde vem a sua fama de extraordinária masculinidade? Eu sei que foi através de inúmeras brigas. Conte alguma coisa.
Satã – Eu comecei em 1928. Deram um tiro em um guarda civil na esquina da rua do Lavradio com a avenida Mem de Sá e mataram, né. Eu estava dentro do botenquinzinho e disseram que fui eu. Então fui preso. Eu tinha 28 anos. Aí eu fui para o Depósito de Presos e daí para a Peninteciária e fui condenado a 26 anos. Na peninteciária, não. Na Casa de Correção.
Millôr – Segundo você, injustamente.
Satã – Injustamente.
Sérgio – Mas você não deu o tiro no guarda?
Satã – Não, o revólver é que disparou na minha mão. Casualmente.
Sérgio – Foi a bala que matou?
Satã – Não, a bala fez o buraco. Quem matou foi Deus.

João Francisco dos Santos foi cozinheiro e garçom, travesti e estrela do teatro rebolado nos anos 30, tornou-se lenda como o rei da Lapa. Ficou preso por 27 anos em Ilha Grande – lugar onde continuaria a viver, mesmo depois da liberdade, por causa do ‘sossego e do silêncio’. Analfabeto, em 1972 ele ditou um livro de memórias ao escritor Sylvan Paezzo. Doente, ele se internou com nome falso em uma cliníca de Angra dos Reis como indigente, por ter vergonha de ser reconhecido. Transferido para um hospital do Rio de Janeiro, morreria sozinho.
A conta de sua internação foi paga por O Pasquim.

vegan

In bestiário on Bealtaine 9, 2008 at 12:38 in

Luiza não me diga.
Luiza não me diga
que a sua barriga.
Luiza não me diga
que a sua barriga
tem formiga.
Luiza não me diga
que a sua barriga
tem formiga
que isso me irrita.
Luiza não me diga
que a sua barriga
tem formiga
que isso me irrita
e não me faça pegar minha carabina!
Luiza não me diga
que a sua barriga
tem formiga
que isso me irrita
e não me faça pegar minha carabina
que você tem mesmo cara de cabrita!
Luiza não me diga
que a sua barriga
tem formiga
que isso me irrita
e não me faça pegar minha carabina
que você tem mesmo cara de cabrita
e eu não sou carnívora.

Hands need warming, early in the morning.

In travessia on Bealtaine 6, 2008 at 12:25 in

Desliguei o telefone mas a conversa se estendeu pela madrugada da minha cabeça e não me deixou dormir, de novo. Não vou negar que fazem quase seis anos que tento te explicar pra mim.
A primeira explicação é sempre a daquele primeiro dia em um dos fins dessa cidade, dia quente e eu com meus cabelos compridos e mal penteados, camiseta preta e bermuda. Me tirou da classe em que eu havia me sentado e, sem saber meu nome direito, me pegou pela mão e me levou pro seu lado. Talvez tenha se encantado com meu visual muito pouco feminino, minha pose de malvada e meu rosto assustado e tenha me reconhecido como uma das suas. Não compreendo. E, no meio de explicações sobre o funcionamento de disciplinas matemáticas, olhou para o lado como se eu houvesse pousado ali a partir do nada e, tão repentinamente quanto aquele momento em que me levou pela mão, me perguntou se eu estava bem. Mal sabia meu nome. E não estava, mas não era evidente. E me encantou instantaneamente, como fez com tantos.
Não sei ao certo quando nem porque perdeu a mágica. Mas o fez. A memória é falha e traiçoeira, tantas vezes irrelevante. Revirava o estômago olhar praqueles teus olhos, evitava estar perto e tuas tentativas pra que eu voltasse ficaram fracas, sei que nunca tentou fazer com que eu te entendesse, e era isso que eu tanto queria. Não concebia teu gosto por mim, assim, inexplicável. E como queixavam de ti para mim! E eu fervorosamente incitava meu próprio desencanto.
Era aquela frase que tu vivia a repetir que sempre quis me referir a ti, mas bem sabes, nunca pude.
Compreendo, mas não compartilho.
Foi tempos depois, quando retornou pela segunda vez e logo discou meu número, contente pra contar os planos e a certeza da futura partida, que apertou. E percebi, derrotada, que me suavizara definitivamente. Pois que me acostumei com aquela presença inconstante e estava gostando, posso dizer que finalmente, daquela amizade toda. Que gostava de mim por verdade e compartilhava de todo aquele humor incompreendido, o que não só basta, ultrapassa.
Ainda não sei como pode chorar com tanta facilidade, ainda não aprovo os olhares que lança aos outros, tua rápida irritação e teu gosto por Juno.
Mas some o chão quando lembro que te vai e que o tempo é sinistro e a distância enorme. E aquela convivência que voltei a me acostumar e também a depender de, todos aqueles projetos e tanta tanta criatividade compartilhada serão deixadas para quando tudo isso não mais fizer sentido e que futuramente o abraço em forma de concha que te darei será apenas quando fizer uma cerimônia vestindo branco. É a vida, minha cara, a sacana. Se mete em tudo. Mas vou guardar aqui. Vou guardar aqui as comidas bem produzidas, as piadas internas, as cervejas antes das aulas, o cabelo roxo e o comprido, as formais cartas da Condessa do Herval Wilson, as lágrimas por suburbia 1986, a rica produção musical e as músicas toscas que passamos horas buscando e cantando, as aulas de dança no banheiro, os rus, as massas do antônio, os livros & o drummond, a tua safadeza, as dancinhas e músicas bonitas, as conversas sérias no piso gelado, os filmes bizarros, a tua pequenice, as ternurinhas e aquela gargalhada.
Compreendo e também compartilho.