matadouro

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Bauci

In cidade, travessão on Eanáir 29, 2008 at 4:26 in

    Depois de marchar por sete dias através das matas, quem vai a Bauci não percebe que já chegou. As finas andas que se elevam do solo a grande distância uma da outra e que se perdem acima das nuvens sustentam a cidade. Sobe-se por escadas. Os habitantes raramente são vistos em terra: têm todo o necessário lá em cima e preferem não descer. Nenhuma parte da cidade toca o solo exceto as longas pernas de flamingo nas quais ela se apóia, e, nos dias luminosos, uma sombra diáfana e angulosa que se reflete na folhagem.
    Há três hipóteses a respeitos dos habitantes de Bauci: que odeiam a terra; que a respeitam a ponto de evitar qualquer contato; que a amam da forma como era antes de existirem e com binóculos e telescópios apontados para a baixo não se cansam de examiná-la, folha por folha, pedra por pedra, formiga por formiga, contemplando, fascinados, a própria ausência.

 Calvino com as Cidades Invisíveis

sobre a intensidade

In travessão on Eanáir 22, 2008 at 1:42 in

11:37:07 CAMILA says:
é tudo azul clarinho e não laranja-sol

“”

In travessão on Eanáir 20, 2008 at 2:49 rn

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram escontrados
ao amanhecer

esse amanhecer
mais noite que a noite.

fragmento de discussão no trabalho

In travessão on Eanáir 15, 2008 at 12:55 in

– Carnaval bom mesmo era antigamente. As pessoas esqueceram que carnaval é, ainda, uma festa religiosa.
– Pra elas a festa é profana.

i wish id never seen your face

In travessia on Eanáir 11, 2008 at 11:34 rn

impedindo que outra coisa além da sua voz chegue aos meus ouvidos, elliott smith fez questão de se inserir novamente em mim. ou fui eu quem o procurou?
fez com que o jazz, a música brasileira, a salsa e tudo o mais se calasse. ele sussurra pra mim em 75% do meu dia.
o problema é que ele cravou aquele pedaço de madeira que encontrou no caminho no meu peito e eu só penso na partida. já tentei me esquivar e sair correndo, mas ele segura meu ombro e diz, comum e ridículo, que a vida é assim mesmo.

In bestiário on Eanáir 11, 2008 at 10:39 rn

vai rolar um paradoxo
um bagulho ortodoxo
de um sujeito no equinócio
fazendo pose de negócio
trabalhando nesse ócio
de dizer que é um sócio
nesse mundo catastrófico.

Poema

In bestiário on Eanáir 9, 2008 at 11:18 rn

A garrafa da quente água
na mão
aponta o rumo para
a sofreguidão.
Naufragados, eles dizem
eu digo lentidão.

Os raios do quente sol
no cotovelo
estragam o meu
cabelo!
As nuvens me preocupam
dado que tenho roupas no varal
Mas eles não se importam
pois trafegam para o novo ano
e amanhã,
sonrisal.

Do futuro livro Antologia Poética, no capítulo de Poesia Viagem, poema #73
Inconfundivelmente escrito pelas poetisas da rima rica Clarice Barbosa Dantas e Aline Rhod Pellegrini

Bonde da Confeitaria – Sô Funkêra

In Bonde da Confeitaria on Eanáir 9, 2008 at 11:18 rn

Sô funkêra
trabalho com britadeira
minha mãe é cabelereira
e eu não tô de bobeira

Sô funkêra
eu já fui maconheira
meu homem diz que é besteira
me come só na banheira

Sô funkêra
fui lá com as companheira
não me acharam muito maneira
então voltei lá pra beira

Sô funkêra
hoje fico lá na pedreira
finjindo sê trabalhadêra
MAS EU NASCI PRA SER ESTRELA.

morro do vidigal
mo-mo-morro do vidigal

Bonde da Confeitaria – Regulando o Termostato

Meu forno tá tinindo
prá assá os teu bolinho (2x)

Chega na cozinha
vamo fazê uma rinha
dexamo co as galinha
essa coisa de gatinha

vo ti tostar (2x)

Queimô o termostato
eu não vô dexaá barato
desse jeito eu não te asso
vamo reto lá pro mato

Meu forno tá tinindo
prá assá os teu bolinho (2x)

Meu Brastemp deixo cru
pra faze esse angu
faço o meu tchururu
pra não dá urubu

chega de tabu (2x)

Se tudo isso não chego
vô ligar o doradô
termostato tá quebrado
vamo fazê um bailado

Meu forno tá tinindo
prá assá os teu bolinho (2x)

votitosta
chegaditabu

Bonde da Confeitaria – Bate o Chantilly

In Bonde da Confeitaria on Eanáir 9, 2008 at 10:51 rn

Tchutchururu, tchutchururu
Trufa
Tchutchururu, tchutchururu
Pastel
Tchutchururu, tchutchururu
Torta fria
Tchutchururu, tchutchururu
Pão de mel

Tchutchururu, tchutchururu

Eu vou pegar o meu croquete
e enfiar na tua rosquinha (tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu)

Eu vou mexer o teu açucar
até virar caramelo (tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu)

Eu vou fritar a tua coxinha
até ficar bem passadinha (tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu)

Eu vou pegar minha princesa
e te fazer à milanesa
E quando tu puser a mesa
vai ficar uma beleza.

(tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu)

Bate o chantilly
Ah, bate o chantilly
Ma-ma-mas bate o chantilly
Bate

(tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu, tchutchururu)

Bonde da Confeitaria – Pão-de-ló

essa é a receita
pra faze o pao de lo
gostosinho com o bonde
bonde da confeitaria
voce  vai precisar
de 6 ovos e fermento
6 colheres de açúcar
e mais 5 de farinha
ouça com cuidado
o que nós vamos dizer:
pra assar um bolo bom
tem que ter muito prazer
1
separe as claras
dos ovos das gemas
e bata direitinho
até o ponto de suspiro
(suspiro)
2
logo depois
peneire o açúcar
e aos poucos adicione
aos ovos já batidos
ouça com cuidado
o que nós vamos dizer:
pra assar um bolo bom
tem que ter muito prazer
3
peneire a farinha
não deixe nada passar
e delicadamente
adicione à massa
ouça com cuidado
o que nós vamos dizer:
pra assar um bolo bom
tem que ter muito prazer
4
por último, meus amigos
despeje o fermento
ele vai fazer crescer
mas é meio fedorento
ouça com cuidado
o que nós vamos dizer:
pra assar um bolo bom
tem que ter muito prazer
5
agora que está pronta
a massa do seu bolo
é só botar pra assar
e cuidar pra não queimar!
essa é a receita
pra faze o pao de lo
gostosinho com o bonde
bonde da confeitaria